Bases humanistas do filme “A Corrente do Bem”
O filme narra a história de Eugene Simonet, um professor de Estudos
Sociais, que no início do ano letivo propõe um desafio aos seus alunos em uma
de suas aulas: observar o mundo à sua volta e consertar aquilo que não gosta.
Assim, ele propõe que os alunos criem algo que possa mudar o mundo. Trevor
McKinney, um de seus alunos, é incentivado pelo desafio do professor, e acaba criando
um novo jogo chamado "pay it forward”,
uma espécie de corrente da caridade: em que cada um faça um favor a três
pessoas, e cada uma dessas três pessoas deve retribuir a mais três outras
pessoas, e assim por diante. Surpreendentemente, a ideia funciona, ajudando o
próprio Eugene e também a mãe de Trevor, Arlene.
Trevor
coloca seu projeto em prática, acabando por ajudar sua própria mãe, uma alcoólatra
que mantém dois empregos para sustentar o filho. O que o menino não esperava é
que a corrente fosse chegar tão longe, a ponto de um repórter seguir o rastro
da corrente até encontrar Trevor. Assim, sem que Trevor saiba, a concepção da
corrente do bem, iniciada em Las Vegas, está se espalhando pelos Estados
Unidos.
A
visão humanista prega a valorização da infância e da juventude, afirmando sua
autonomia e diferença em relação à idade adulta, e preservando sua inocência e ingenuidade.
O
ensino na visão humanista é totalmente
centrado no aluno. Considera o aluno como uma pessoa
situada no mundo e em processo constante de descoberta.
Segundo Mizukami
(1986), o professor em si não transmite
conteúdo, o professor dá assistência, sendo o facilitador da aprendizagem. O
conteúdo advém das próprias experiências dos alunos. A atividade é considerada
um processo natural que se realiza através da interação com o meio. O professor
não ensina, ele apenas cria condições para que o os alunos aprendam. Desse
modo, as experiências pessoais e subjetivas são fundamentais para o
conhecimento no processo de ensino-aprendizagem.
A metáfora da corrente
do bem sinaliza o envolvimento de um com os outros na estrutura do mundo, e podemos
destacar diversas bases humanistas presentes no filme. Para começar, vemos o
ensino centrado no aluno e não mais no professor. O professor Eugene sugere
esse trabalho aos alunos, pois deseja desenvolver a comunicação, a argumentação
crítica e a criatividade na busca por ideias autênticas. O professor quer
desenvolver a potencialidade natural que os alunos têm a aprender, e para tal
cria uma prática dialógica, questionando os alunos sobre o mundo que os envolve
e motivando-os a participar do debate. O professor mantém uma atitude de
expectador frente às questões, mas frente à ideia de seu aluno Trevor, é
impossível que ele fique fora dos problemas e temas abordados. O filme é muito
interessante no sentido de despertar diálogos, de fazer os professores se
entender pelos jovens e se fazer atentos às suas colocações.
Ao propor esse desafio
aos seus alunos, o professor Eugene utilizou o acréscimo de pontos em sua
avaliação final como motivo para a realização da tarefa. Porém, no caso do
aluno Trevor, sua motivação estava muito além de atingir esse fim estratégico.
Sua preocupação estava em envolver-se com algo que fosse além der seu próprio
interesse pessoal. Trevor iniciou esse trabalho como um meio para ajudar os
outros, e também para estabelecer uma auto-realização. Assim, uma simples ideia
lançada numa sala de aula acabou por se tornar uma verdadeira revolução no
pensar e no agir.
Trevor crê ser possível
mudar o mundo a partir da ação voluntária de cada um, fazendo com que essa
corrente do bem crescesse em progressão geométrica: de três para nove, daí para
27 e assim sucessivamente.
O professor vê no
introspectivo Trevor uma reedição do seu idealismo de outrora. Os primeiros
alvos do garoto são sua mãe e seu professor. Na busca por um pai e um lar
estável, ele tenta unir os dois forçando um relacionamento.
Outras bases humanistas
presentes no filme são: a auto-relização, não só do aluno Trevor, como já foi
dito, mas também podemos observar a auto-relização do professor; o
estabelecimento de uma qualidade de vida interpessoal, com as pessoas ajudando
umas às outras; a visão do mundo como algo construído pelo homem diante
de si mesmo; o aqui e o
agora, que pode ser constantemente mudado (para melhor); e principalmente a
proposta feita pelo professor aos seus alunos: o professor deve propor
problemas aos seus alunos sem ensinar-lhes a solução, fazendo desafios. Cabe ao
professor evitar rotina, fixação de respostas e certos hábitos. Ao professor cabe a orientação necessária para que haja uma
exploração por parte dos alunos, sem jamais oferecer-lhes soluções prontas.
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