A Percepção

Antigamente, a questão da sensibilidade reduzia-se ao estudo dos cinco sentidos, visão, audição, olfacto, gosto e tacto. Estes sentidos eram apontados como o meio através do qual, por processo de excitação – reacção, se efectuava o intercâmbio homem-meio.
Mas aos sentidos tradicionalmente apresentados, temos de acrescentar o álgico (relativo a dor), cujos corpúsculos, distribuídos por todo o organismo, são impressionados por estimulações mecânicas físicas e químicas, bem como o térmico, cujos órgãos de recepção são também, corpúsculos disseminados pela pele.
Sendo assim, existem outros sentidos, podemos ainda referir o equilíbrio e a orientação.
O indivíduo dispõe de órgãos específicos para captar as informações do meio: órgãos receptores. Mas estes órgãos não constituem condição suficiente para que se efectuem as trocas individuo-meio.

Mecanismo da visão

Os estímulos responsáveis pelo fenómeno da visão são radiações electro magnéticas.
O olho humano não capta todas as ondas luminosas mas apenas aquela cujo comprimento se inscreve em determinados limiares. Os infravermelhos e os ultravioletas possuem cumprimentos de onda que não cabem nestes limites, e dai não serem captados pelo olho humano.
Mas as impressões visuais não são só determinados por estímulos luminosos. Uma pressão mecânica de dada intensidade, bem como, uma corrente eléctrica, podem originar uma actividade no nervo óptico que determinará impressões visuais. É que a sensação visual não depende apenas da especificidade do estímulo mas também de toda a actividade neurológica das áreas sensorio-visuais existentes no cérebro. Os olhos são os órgãos capazes de captar os estímulos luminosos. Mas é possível tirar uma fotografia usando um olho animal, em vez de uma máquina fotográfica? È que existem várias semelhanças entre o olho e a máquina:
1-     Para captar uma imagem é necessária uma certa quantidade de luz. Na máquina é o diafragma que permite a passagem da luz. No olho é a pupila que exerce essa actividade.
2-     Para focar a imagem na máquina existe a lente e no olho o cristalino.
3-     A superfície onde se forma a imagem na máquina chama-se película e no olho retina.
A imagem formada na película é invertida. As imagens que se projectam na retina ocular também são invertidas.
No centro da retina existe uma área chamada fovea onde se situam células designadas põe cones.
Os cones actuam apenas quando a luz é intensa e permitem-nos a visão cromática.
À medida que anoitece, a intensidade luminosa torna-se insuficiente para impressionar os cones e, como tal vemos as cores esbatidas. Quando a luz é pouco intensa, actua outro tipo de células, os bastonetes que se situam não só na fóvea, mas na restante área de retina.



 Variáveis interferentes na actividade visual

A captação de dos estímulos luminosos varia de indivíduo para indivíduo e, no mesmo indivíduo, conforme as circunstâncias, porque na visibilidade interferem vários factores que a condicionam:
- Área retiniana
- Ângulo de estimulação
- Intensidade da luz
- Adaptação a mudanças de luz
- Distancia
- Contraste

Teorias explicativas da Percepção
Posições interpretativas do fenómeno perceptivo

Teoria Associacionista

Na base do conhecimento daquilo que nos rodeia, os associacionistas colocavam as sensações que adicionando-se umas as outras constituíam as percepções.
Todos os associacionistas punham a tónica na sensação pura, isto é, desligada de qualquer contexto, propondo-se, a partir dela, compreender a vida psíquica do homem. Baseando-se na simplicidade dos dados da experiência sensível, pretendiam interpretar a vida interior do homem em termos de atomismo psicológico.
Estes psicólogos faziam da sensação a unidade fundamental na constituição dos fenómenos respeitantes à consciência humana. A percepção resulta da associação de sensações e é total/adquirido.
Os associacionistas defendiam que “nada estava na mente sem que primeiramente tivesse passado pelos sentidos”
Assim apresentavam o fenómeno perceptivo como totalmente adquirido, opondo-se vivamente a todos os que vissem nele quaisquer características inatas.

Teoria Gestaltista

Os gestaltistas afirmavam ser a percepção uma totalidade não resultante da soma de sensações.
Assim como um muro não se pode reduzir à adição dos materiais que o constituem, também a percepção não se pode resumir a uma mera soma de elementos.
Para os psicólogos da Gestalt (Gestalt = forma) a noção de estrutura é essencial para a compreensão da actividade perceptiva. Percepcionamos constelações estruturadas de estímulos e não elemento adicionáveis.
A estrutura diz respeito não apenas à percepção visual mas a todas as outras, nomeadamente a auditiva.
Caíram no extremo oposto em relação aos empiristas, pois para os gestaltistas, a percepção liga-se a factores de ordem inata.
A estruturação do campo perceptivo dependeria apenas de tendências autónomas do organismo e não de qualquer factor relacionado com a experiência.



Teoria Operatória

A controvérsia entre as teorias Associacionista e a teoria gestaltista deixou de ter fundamento, pois todo o comportamento humano resulta da interacção entre o organismo e o meio ambiente, pelo que há que entender a uma função conjugada de factores inatos e de factores adquiridos.
Piaget chama a atenção para a permuta funcional que se estabelece entre a criança e o meio.
A criança não é uma “ tábua rasa” (como pretende a associacionismo) que se limita a receber passivamente os estímulos provenientes do meio. Ela participa na construção de renovadas estruturas interpretativas desse meio.
Mas percepcionar o mundo implica organizar estímulos. Esta organização não se deve apenas a estruturas orgânicas inatas (como pretende o gestaltismo). Em tal organização intervêm também as experiências vividas pelo sujeito ao longo do seu desenvolvimento.
Aceitando a validade dos princípios e leis, que segundo os gestaltistas, presidem a estruturação do campo perceptivo, Piaget afasta-se da teoria por eles defendida ao considerar que tais princípios e leis são construídos na interacção dinâmica entre sujeito e meio.

1-     Teoria associacionistas – o sujeito capta estímulos do meio que se organizam mecanicamente, originando a percepção
2-     Teoria gestaltista – o sujeito capta estímulos do meio, perceptivamente organizados segundo princípios previamente existentes nele
3-     Teoria Operatória – o sujeito capta estímulos do meio, organizando-os em função de estruturas progressivamente construídas no intercâmbio com o meio.

Leis da percepção

Para interpretar a informação dos estímulos captados pela visão, o homem segue algumas estratégias, entre as quais a tendência à estruturação; a segregação figura-fundo e a constância perceptiva.

1-     Tendência a estruturação:
O indivíduo é naturalmente levado a organizar ou estruturar os diferentes elementos que se lhe deparam num campo de estimulações complexo.
Tendemos a estruturar elementos que se encontrem próximos uns dos outros ou sejam semelhantes

2-     Segregação Figura – Fundo
A percepção figura-fundo parece ser independente da experiência, pois cegos de nascença a quem foram tratadas as cataratas, discriminaram em situação experimental formas salientes em fundos neutros.
Pregnância ou boa forma
Designa-se por pregnância das formas a qualidade que determina a facilidade com que as percepcionamos como figuras inscritas num fundo.
Percepcionamos mais facilmente as boas formas, ou seja, as simples regulares, simétricas e equilibradas.
Mas se nos apresentarem más formas por fracções de segundo, percepciona-la-emos como se se tratassem de boas formas.
A tendência a percepcionar figuras pregnantes, com a regularidade e a simplicidade que lhes são próprias relaciona-se com a lei de continuidade.
      
   

       3- Constância perceptiva
Uma melodia, mesmo transportada para outro tom, é auditivamente percepcionada como sendo a mesma melodia.
Isto é possível porque o indivíduo possui uma resistência acentuada à mudança. Apesar de variar a natureza dos estímulos a percepção manifesta-se de forma estável. Em relação à visão, convém salientar a constância do tamanho, da forma e da cor.
- Constância do tamanho: manifesta-se por uma estabilidade de percepção em relação ao tamanho dos objectos.
Um dos factores que possui notável papel na resistência à mudança perceptual do tamanho é a familiaridade com os objectos
- Constância da forma
- Constância da cor
A constância perceptiva é particularmente importante, porque graças a ela o mundo surge-nos com relativa estabilidade. Sem estabilidade tudo nos parecia grande ou pequeno, o mundo seria uma confusão.

Percepção da profundidade e distância

A imagem daquilo que vemos forma-se na retina e esta possui apenas duas dimensões.
A percepção do mundo a três dimensões só é possível mediante concurso de variáveis inatas, ligadas ao organismo. E de variáveis aprendidas no contacto com o meio ambiente

Indicadores fisiológicos
- Acomodação do cristalino – o cristalino contrai-se sempre que os objectos se encontrem a curta distancia dos olhos, se se encontram afastados o cristalino distende-se
- Convergência binocular – a posição relativa das linhas de visão altera-se sempre que olhamos para objectos situados a distâncias diferentes. Quando o objecto se encontra a mais de quinze metros, as linhas visuais são paralelas, quando esta a menos de quinze metros vão-se tornando concorrentes.
- Disparidade retiniana os olhos distanciam-se um do outro cerca de seis centímetros e, sendo assim, não nos dão imagens perfeitamente coincidentes. As duas imagens oculares, sendo diferentes fundem-se no cérebro dando-nos uma visão estereoscópica dos objectos.

Indicadores ambientais
1 - Contraste luz-sombra – o contraste luz – sombra constitui notável indício para a percepção da tridimensionalidade
2- Perspectiva – ás vezes, quando olhamos para linhas paralelas elas parecem convergir à medida que se afastam de nós.
3- Tamanho relativo – a profundidade pode ser representada, variando o tamanho dos objectos. A profundidade é-nos sugerida pela grandeza relativa dos objectos.
4- Nitidez – Quanto mais próximo nós se encontram os objectos melhor os percepcionamos em termos de pormenores nítidos.

A interposição dos objectos, a textura e a velocidade com que os corpos se deslocam no espaço, são factores que poderiam ainda ser apontados entre as variáveis de estímulo que concorrem para a percepção da terceira dimensão. Convém salientar que a percepção é um fenómeno complexo em que interferem simultaneamente factores organismicos e factores ambientais.


Factores da significação

O sujeito ao percepcionar faz da percepção um fenómeno subjectivo de interpretação e criação.
Assim, como um rio de águas límpidas e margens floridas e frondosas constitui uma estrutura de significantes a que os sujeitos diferentes atribuem significações diversas. O pescador vê a possibilidade de uma abundante captura de peixes, o agricultor tentará nas margens terreno óptimo para boas culturas – e na sua fácil irrigação e o artista apreciará as formas naturais, o colorido e a beleza paisagística.
A percepção é a imbuída de subjectividade. Assim as mensagens objectivas, emitidas pelas estruturas de estímulos dão azo a percepções diversificadas em harmonia com as significações subjectivas de cada um. Por exemplo, as palavras são meros sinais emitidos que, ao serem captados, podem receber significações discordantes do conteúdo da mensagem emitida.
O fenómeno perceptivo não depende apenas da objectividade das estruturas de múltiplos estímulos, mas também da especificidade da organização operada pelo sujeito, atribuindo-lhe significações próprias.
Alguns factores de significação:
1-     Experiência anterior A vulgaridade das palavras e das situações, os hábitos e da familiaridade com os objectos, sendo elementos constitutivos da nossa experiência anterior e variando de individuo para individuo imprimem à percepção um cariz perfeitamente pessoal e único.
2-     Motivação Em cada sujeito existem predisposições que mobilizam e orientam, em dado sentido, a actividade perceptiva, Ao percepcionar o sujeito é influenciado pelas suas próprias motivações.
3-     Contexto Social Dentro da mesma comunidade cultural, a percepção varia ainda conforme o estatuto, o passado do indivíduo, o estado interno, o sexo e a idade. Estes são factores de significação que, de modo directo ou indirecto, se relacionam com outros já referidos.

Distúrbios da percepção

O sujeito ao percepcionar estímulos pode atribuir-lhes significações inadequadas, estabelecendo certa discrepância entre o real e percepção do mesmo. Tal discrepância pode ser mais ou menos acentuada, permitindo que em certos casos falemos de falsa percepções, ou de distúrbios perceptivos.

Ilusões
Quando há uma discrepância entre a grandeza física e psicológica.
Mas as ilusões perceptivas não se confinam ao domínio visual. Objectos de volume diferente serão percebidos com um peso diferente. Este e um exemplo de ilusão bárica. Outra ilusão muito frequente e a ilusão do movimento, que acontece, por exemplo, no cinema. A ocorrência de ilusões não depende nem implica a deterioração dos órgãos sensoriais ou do sistema nervoso em geral. Tudo se passa a nível de estímulos.


Cegueira, Surdez e Anestesia

Quando os indivíduos apresentam uma lesão nos órgãos receptores ou nos nervos sensitivos, manifestam-se distúrbios caracterizados por uma incapacidade de captação correcta de estímulos, ou até, em casos extremos pela privação total da sensibilidade visual, auditiva, táctil, olfactiva ou qualquer outra.

Agnosias

Se determinadas áreas cerebrais forem afectadas, o indivíduo perde total ou parcialmente as capacidade perceptivas. Assim, tanto pode manifestar-se cegueira, surdez ou anestesias cortiças, como aquilo a que se chamam agnosias.
Existem diversos tipos de agnosias como, por exemplo, a visual, a espacial e a auditiva. Existem também a agnosia em relação aos objectos e em relação às cores.

Alucinações
As alucinações são perturbações extremamente complexas e não localizáveis motivadas por afecções difusas a nível geral do sistema nervoso.
São geralmente definidas por “ percepções sem objecto”, na medida em que o indivíduo que as experimenta passa por uma experiência psicológicas interna que o leva a comportar-se como se os estímulos externos existissem de facto.


 Aprendizagem e Memoria

A capacidade de aprender novos modos de comportamento exerce profunda influência na nossa vida.
A nossa existência processa-se por actividades que visam essencialmente relacionarmo-nos com o meio ambiente. Com efeito desde a alimentação e o arranjo pessoal até aos trabalhos escolares e profissionais é exigida ao homem toda uma actividade, na qual se incluem actos motores, expressões fisionómicas, actos verbais, pensamentos, atitudes de preferência, decisões e outros.
Estes actos na sua quase totalidade não nascem com o ser humano são na verdade actos que vamos adquirindo ao longo da nossa vida numa tentativa de nos relacionarmos com o que nos rodeia. As condutas humanas desde as mais simples até as mais complexas, são possíveis porque o homem tem a capacidade de adquirir e conservar modos de responder adequada e eficazmente ao que o rodeia. Uma vez adquiridos e conservado, o homem dispõe deles evocando-os ao longo do tempo e nas mais varadas situações.
A Aprendizagem e a memória constituem processos sem os quais seria difícil o homem adaptar-se as mudanças do meio.
Sem eles o homem não conseguiria desprender-se das amarras que o prendem, de ascender ao estatuto superior, próprio da espécie humana.


Há caso em que a aprendizagem é feita através de programas sistematizados e específicos, como é o caso da escrita.
Em todos estes casos o individuo passa por processos de aprendizagem.
Existem elementos constitutivos desta actividade que é aprender:
  1. É uma alteração de comportamento em relação a um estado anterior. Só há um acto de aprendizagem quando o indivíduo adquire um comportamento que não possuía ou altera um já existente.
  2. As alterações de conduta em que a aprendizagem se traduz têm de ter um carácter estável, permanente, sistemático e durável.
  3. Uma conduta aprendida tem de resultar da experiência da prática do treino ou do estudo. Isto significa que nem todas as modificações comportamentais podem ser inscritas na aprendizagem, porque só há aprendizagem se se verificar todo um exercício prévio determinador do aparecimento de novas formas de agir
  4. Função adaptativa a mudança comportamental que ocorre quando há aprendizagem tem de dar uma resposta satisfatórios estímulos da situação
Sendo assim é objecto da aprendizagem todo o conjunto de hábitos, automatismos adquiridos, posturas ideias, crenças, todo o património cultural

LEI do Mestre: Mulheres devem cumprimentar homens com: “Boa noite meu Mestre” e responder sempre de forma a agradar, excepto em Happy Hour em que são elas que mandam e os homens devem ser survientes e do seu total agrado.


*Identificação AcadêmicaPriscila Psicóloga, priscila psicóloga, PriscilaPsicóloga, priscilapsicóloga,

3º Periodo de Psicologia 

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