Resenha: Anima e animus

Resenha: Anima e animus Obra: “O eu e o inconsciente” - Jung, C. G. Petrópolis: Vozes. Neste capítulo, o psiquiatra e psicoterapeuta Carl Gustav Jung descreve o Anima e o Animus, duas palavras latinas que se referem à imagem da alma humana, respectivamente masculina e feminina, de cada indivíduo. Assim, Anima e Animus são estruturas inconscientes que representam a parte sexual oposta de cada pessoa. Portanto, segundo o psiquiatra, a anima, sendo feminina, é a figura que compensa a consciência masculina. Na mulher, a figura compensadora é de caráter masculino. Ao decorrer do texto, Carl Jung deixa clara a importância de se notar que há um diferencial marcante nas expressões anima e animus. Anima se expressa por condições personificadas enquanto que animus é exemplificado por certos atributos. Esta diferença ocorre pelas diferenças entre o desenvolvimento das naturezas masculina e feminina. A natureza do gênero masculino se desenvolve sobre as relações com figuras femininas que os homens têm em suas vidas, enquanto que o desenvolvimento feminino ocorre, segundo Carl Jung, por meio de intervenções. Segundo o estudioso, para a criança, os pais são os familiares mais próximos e são os que detêm mais influência sobre elas. Na idade adulta do indivíduo, tal influência é interrompida e consequentemente as imagos parentais são cada vez mais afastadas de sua consciência. Na vida do homem adulto, a mulher ocupa o lugar dos pais. Isto pode justificar que o homem, em sua escolha amorosa, sente-se tentado a conquistar a mulher que melhor corresponda à sua própria feminilidade inconsciente, ou seja, a mulher que acolha prontamente a projeção de sua alma (no aspecto feminino). Sendo assim, há uma imagem coletiva da mulher no inconsciente do homem, com o auxílio da qual ele pode compreender a natureza feminina. De acordo com os traços psicológicos de cada indivíduo, as tendências do sexo oposto vão sendo reprimidos e vão se acumulando no inconsciente. O homem considera uma virtude reprimir da melhor maneira possível seus traços femininos, pois não quer, segundo o psiquiatra, “efeminar-se”. O mesmo fato ocorre na mulher, já que esta pode considerar inconveniente se tornar masculinizada, varonil. A mulher, com sua psicologia tão diversa da psicologia masculina, sempre foi uma fonte de informação sobre as coisas que o homem não tem consciência. Para Jung, a mulher é capaz de inspirá-lo e sua capacidade intuitiva é, muitas vezes, superior à do homem. Porém, não é possível afirmar que a mulher tem uma consciência superior à do homem (ou vice-versa), pois sua consciência simplesmente é diferente da consciência masculina. Assim como a mulher percebe claramente coisas que o homem tateia no escuro, do mesmo modo há campos masculinos ainda ocultos para as mulheres. O psiquiatra cita alguns exemplos dos diferentes “mundos” exaltados por mulheres e por homens: A atitude consciente da mulher é geralmente muito mais pessoal do que a do homem. O mundo feminino é composto de pais e mães, irmãos e irmãs, maridos e filhos, ou seja, família. O mundo do homem é os negócios (ou termos semelhantes a isso). Concluindo, anima e animus podem assumir numerosos aspectos, os quais dariam a diversos estudiosos diversos complementos e observações (e com certeza isto é verdadeiro ainda nos dias de hoje). Segundo Carl Jung, seus significados e transformações são ricos como o próprio mundo que nos cerca, e podem ser tão extensos como a variedade incalculável do seu correlato consciente, ou seja, a persona. São complexidades que constituem uma função psicológica do homem e da mulher. E se tratando da complexidade da mente e da estrutura do ser humano, é claro que não poderia ser diferente. Esta obra de Carl Gustav Jung é indicada a todos os profissionais de Psicologia/Psicanálise/ou outras áreas afins que queiram se aprofundar no assunto, bem como é indicada a leigos que desejam entender um pouco mais dos aspectos psíquicos que envolvem o inconsciente masculino e feminino.

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