ÉTICA HOSPITALAR
INTRODUÇÃO
O Psicólogo, particularmente aquele que está inserido na instituição hospitalar,
defronta-se constantemente com problemas que envolvem, solicitam e exigem
posicionamentos éticos, seja no trato com seus pacientes, em alguns casos
vivendo no limite suportável de sofrimento, seja com seus colegas e outros
profissionais com os quais divide com maior ou menos poder e importância
social, o espaço hospitalar. A psicologia hospitalar está fundamentada em
uma prática interdisciplinar. Assim, no hospital, o psicólogo deve transpor os
limites de seu consultório, mantendo contato obrigatório com outras profissões,
o que determina multiplicidade de enfoques ao mesmo problema e, em
consequência, ações diversas.
PSICOLOGIA HOSPITALAR
A prática
do psicólogo no hospital envolve a assistência a pacientes, familiares e
equipes de saúde. O acompanhamento psicológico a familiares é de fundamental
importância, principalmente porque, em geral, o familiar também vivencia uma
situação de crise definida pelo sentimento de impotência diante da doença e seu
temor à morte; pela dificuldade em entender e elaborar o que se passa com o
paciente; pelo distanciamento imposto pelo ambiente físico (impossibilitando-o
de cuidar do paciente); pela “vivência impotente” do sofrimento do outro;
enfim, pela dificuldade de entrar em contato com seus próprios sentimentos.
No
hospital, o psicólogo hospitalar também estará realizando avaliação e
atendimento psicológico aos familiares, apoiando-os e orientando-os em suas
dúvidas, angústias, fantasias e temores. Junto à família, o psicólogo deverá atuar
apoiando e orientando, possibilitando que se reorganize de forma a poder ajudar
o paciente em seu processo de doença e hospitalização. Não se pode perder de
vista a importância da força afetiva da família. Ela representa os vínculos que
o paciente mantém com a vida e, é, quase sempre, uma importante força de
motivação para o paciente na situação de crise.
Atualmente temos
uma realidade muito mais adequada em termos de formação em Psicologia da Saúde
e Hospitalar. Entretanto, até a poucos anos, havia uma enorme preocupação com
relação à formação, pois a ambiguidade devida à diversidade de orientações
epistemológicas, teórico-metodológicas ou de intervenções em Psicologia, que na
prática diversificam o campo de atuação do psicólogo no contexto hospitalar,
influenciava os programas de formação profissional, que muitas vezes realçavam
algumas áreas sem aprofundar outras, o que derivava na prática.
ÉTICA HOSPITALAR
A Ética leva o psicólogo a ver o paciente como uma pessoa singular e que
está em relação constante com o mundo ao seu redor. Segundo Aristóteles “ser
ético é muito mais que um problema de costumes, de normas práticas. Supõe uma
boa conduta das ações, a felicidade pela ação e a alegria da autoaprovação
diante do bem feito”. Como o código de ética está pautado nos
valores universais, socioculturais e àqueles inerentes à profissão, tornam-se
flexíveis e dinâmicos de acordo com as mudanças sociais e profissionais,
requerendo uma contínua reflexão.
Embora existam relatos da presença de
psicólogos no contexto hospitalar mesmo antes da regulamentação profissional,
parece razoável, a partir dos inúmeros estudos acerca da realidade da profissão
no Brasil, a suposição de que somente nos últimos anos, com a mudança mais
ampla da configuração do campo profissional do psicólogo, este logrou
inserir-se de forma estável e significativa no ambiente hospitalar. Na
tentativa de dimensionar o campo de atuação, enquanto profissional de saúde, o
psicólogo teria “papel clínico, social, organizacional e educacional”, na forma
de assistência psicológica que incluiria, enquanto clientela, além do paciente
e seus familiares, a equipe multiprofissional e demais funcionários do
hospital; e enquanto atividades, assessorias, consultorias e interconsultas
psicológicas.
O
psicólogo que trabalha em hospitais necessitaria “desenvolver uma imagem mais
ampla como profissional de saúde, assumindo seu potencial de avaliação e manejo
de problemas de saúde, além daqueles usualmente tidos como da alçada do
psicólogo, ou seja, o emocional e o psicopatológico”. Se suposta a
irreversibilidade de sua inserção no contexto hospitalar. O atraso da
psicologia em ocupar deu espaço, talvez tenha sido o maior responsável pela
banalização do nosso campo de trabalho. Todos os outros profissionais
parecem entender de psicologia e arriscam-se a fazer diagnósticos psicológicos,
sejam eles médicos, enfermeiros, padres, etc. Na verdade, o que se apresenta
como básico e urgente é que o psicólogo consiga afirmar o seu papel
profissional, definindo suas atribuições e delimitando a ocupação do seu espaço
nas instituições hospitalares. Muitas vezes este profissional é colocado frente
a situações em que esquece o seu papel e acaba exercendo funções que não são as
suas, muitas vezes movido por motivos de pura solidariedade humana. Atitudes
como essas podem causar grandes danos à imagem da profissão. Pois pode acabar
invadindo o campo de atuação de outros profissionais. “O psicólogo não é
médico, não é enfermeiro, nem é assistente social. Tais profissionais não são
psicólogos e estarão cometendo imprudência ética ou fazendo exercício ilegal da
profissão e, portanto violando a lei, quando assim procedem”. Faz-se necessário
respeitar os limites éticos da atuação profissional.
É
possível interpretar as exigências postas para o profissional inserido no
contexto hospitalar, na literatura referida, como sendo constituída por dois
níveis. Num primeiro, situar-se-ia o exercício das atividades “usualmente tidos
como da alçada do psicólogo”, como os papéis “clínico, social, organizacional e
educacional”. Num segundo nível, ultrapassando os papéis convencionais, o
desenvolvimento de “uma imagem mais ampla como profissional de saúde, assumindo
seu potencial de avaliação e manejo de problemas de saúde”. Essas exigências
pressuporiam, adicionalmente, uma revisão dos referenciais da Psicologia, a
formação acadêmica aí incluída. As atividades desenvolvidas pelos profissionais
são, no essencial, de natureza clínica: psicoterapia breve com pacientes,
trabalhos de suporte com familiares. Mas, ambas conteriam uma dimensão
educacional. Existe ainda a necessidade de uma melhor instrumentalização
técnica, fundamentada em desenvolvimentos teóricos mais consistentes, para
subsidiar as ações que ampliam os limites tradicionais, utilizando, não raro,
recursos que não se coadunam com as novas exigências, desse alargamento de
fronteiras profissionais dos psicólogos. Para a própria preservação do espaço
destinado à psicologia na instituição hospitalar, cabe ao psicólogo demarcar
com a clareza da sua prática, com os recursos de sua técnica e com as suas
formulações o campo pelo qual é responsável, para ir construindo e fazendo sua
história.
Sua função primária não seria de normatizar a natureza técnica do
trabalho, mas assegurar um padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento da
psicologia, respeitando os valores relevantes para a sociedade brasileira e
para as práticas desenvolvidas no país. De acordo com o código de
ética, o trabalho do psicólogo tem como princípios fundamentais o respeito e a
promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser
humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Além disso, o trabalho do psicólogo deve visar à promoção de saúde e a
qualidade de vida das pessoas e coletividades. Nesse sentido, deverá contribuir
para eliminar qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão, assim como, devem estar atentas à sua
responsabilidade social. Outro ponto importante a ser citado do código de ética
do psicólogo é o veto a qualquer ação que induza às convicções políticas,
filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a
qualquer tipo de preconceito, respeitando o outro com suas diferenças e
singularidades.
CONCLUSÃO
Concluímos que, a Psicologia Hospitalar
tem por objetivo prestar atendimento aos pacientes internados ou de forma
ambulatorial no Hospital, bem como aos seus familiares, auxiliando diante das
dificuldades impostas por uma situação de doença. Além do paciente e seus
familiares, a equipe multiprofissional e demais funcionários do hospital; e
enquanto atividades, assessorias, consultorias e interconsultas psicológicas. A
Ética é de extrema importância no contexto Hospitalar, pois
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