Diversidade Cultural Brasileira


            Introdução:
O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de idéias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente. A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre os quais podemos citar: vestimenta, culinária, manifestações religiosas, tradições, além de comportamentos, valores e regras morais que permeiam e "preenchem" a sociedade.  
A cultura brasileira é uma síntese da influência dos vários povos e etnias que formaram o povo brasileiro. Não existe uma cultura brasileira perfeitamente homogênea, e sim um mosaico de diferentes vertentes culturais que formam, juntas, a cultura do Brasil.
Após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura do Brasil é, majoritariamente, de raiz lusitana. É justamente essa herança cultural lusa que compõe a unidade do Brasil: apesar do povo brasileiro ser um mosaico étnico, todos falam a mesma língua, que é o português, e quase todos são cristãos, com largo predomínio de católicos. Esta igualdade linguística e religiosa é um fato raro para um país de grande tamanho como o Brasil, especialmente em comparação com os países do Velho Mundo.
Embora seja um país de colonização portuguesa, outros grupos étnicos deixaram influências profundas na cultura nacional, destacando-se os povos indígenas, os africanos, os italianos e os alemães. As influências indígenas e africanas deixaram marcas no âmbito da música, da culinária, do folclore, do artesanato, dos caracteres emocionais e das festas populares do Brasil, assim como centenas de empréstimos à língua portuguesa. É claramente evidente que algumas regiões receberam maior contribuição desses povos: os estados do Norte têm forte influência das culturas indígenas, enquanto algumas regiões do Nordeste têm uma cultura bastante africanizada, sendo que, em outras, principalmente no sertão, há uma intensa e antiga mescla de caracteres lusitanos e indígenas, com menor participação africana. No Sul do país as influências de imigrantes italianos e alemães são evidentes, seja na língua, culinária, música e outros aspectos.
Outras etnias, como os árabes, espanhóis, poloneses e japoneses contribuíram também para a cultura do Brasil, porém, de forma mais limitada.


Desenvolvimento:

O Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões. A herança social e o legado cultural são processos de transmissão cultural que ocorrem ao longo da história, nos quais as gerações mais velhas transmitem às gerações mais jovens a cultura do grupo. Senso assim, o processo social de transmissão de cultura é a educação ou criação familiar. A cada geração vai se transmitindo, ou melhor, ensinando aos filhos e jovens certos conhecimentos e valores morais adquiridos pela geração mais velha.
            Muitos sociólogos e historiadores brasileiros, a partir do século XIX, buscaram explicar a formação do povo brasileiro, caracterizado pela diversidade cultural, enquanto uma nação. E o olhar de alguns desses autores foi exclusivamente dedicado ao aspecto cultural. O legado cultural que herdamos dos povos que se misturam deu origem aos brasileiros, sendo que todos os brasileiros sabem (ou deveriam saber), nem que seja um pouquinho, da história da colonização do nosso país. 
Para o professor e psicólogo Vasco Arruda, nunca será demais falar da diversidade cultural brasileira. Não foram poucos os estudiosos que, debruçando-se sobre a peculiaridade da cultura brasileira, encontraram na mistura racial – que, por sua vez, consequenciou uma grande diversidade cultural – uma das razões primordiais de sua singularidade.
Tal diversidade deveria ser motivo de orgulho para todos os brasileiros, onde as diferenças convivessem harmoniosamente, lado a lado, umas com as outras. Uma das condições para a convivência saudável é, exatamente, o reconhecimento e respeito pela singularidade, pelo diferente, pelo diverso.
No Brasil, provavelmente mais que em qualquer outra nação, cada cidadão é levado, cotidianamente, a conviver com a diversidade. Isso deveria ser  motivo de orgulho, entre outras coisas, pela riqueza que confere à nação brasileira.


Fala-se muito das riquezas naturais brasileiras. Mas nunca se falará o bastante da riqueza cultural de nosso povo. Tal riqueza se manifesta nos mais diversos âmbitos, podendo-se mencionar a literatura, a religião e a música.
Já houve, em tempos passados, quem apontasse a mistura de raças peculiar ao Brasil, país cuja formação está assentada na miscigenação entre o índio, o branco e o negro, como causa do subdesenvolvimento do país. O argumento carece de fundamentação científica, parecendo-nos muito mais lícito afirmar que foi, exatamente nessa miscigenação, nessa mistura, que o brasileiro encontrou a força que vem de sua capacidade de improviso, de sua infinita criatividade que o torna apto a encontrar formas de driblar as dificuldades mesmo em situações as mais periclitantes e desesperadoras. Por isso, vários autores se arriscam em afirmar que essa mistura dá o ar de ‘graça’ aqui, com sentido de dupla acepção. É graça porque confere ao povo brasileiro  a característica do belo; e é graça, igualmente, porque a miscigenação é uma dádiva que foi conferida à nação brasileira, tornando-a uma das mais singulares entre todas as nações da Terra.


Nesse contexto, o compositor Fausto Nilo, orgulho do povo cearense,  legou ao cancioneiro brasileiro uma bela canção, fruto de uma parceria com Moraes Moreira e imortalizada na voz deste último. A canção, intitulada “Três meninas do Brasil”, enaltece a mistura racial brasileira:

“Deus me faça brasileiro
criador e criatura
um documento da raça
pela graça da mistura”.


O antropólogo Darcy Ribeiro, em sua obra “O Povo Brasileiro”, também deixou sua impressão a respeito da diversidade:



“ A sociedade e a cultura brasileira são conformadas como variantes da versão lusitana da tradição civilizatória européia ocidental, diferenciadas por coloridos herdados dos índios americanos e dos negros africanos. O Brasil emerge, assim, como um renovo mutante, remarcado de características próprias, mas atado genesicamente à matriz portuguesa, cujas potencialidades insuspeitadas de ser e de crescer só aqui se realizariam plenamente”.

Costumamos dizer e ouvir que somos o povo brasileiro! Que vivemos no país do futebol e do carnaval. Pelo menos é assim que nos vêem os outros povos, na maioria das vezes. Contudo, quando somos indagados e questionados sobre nossa identidade nacional, ou seja, que povo realmente somos e, qual o sentido da nossa formação enquanto nação, ficamos na maior “crise de identidade”. Ora, como definir quem realmente somos em meio à diversidade cultural?  Como viemos, enquanto povo e nação ao longo da história, construindo nossa identidade nacional? Será que temos mesmo uma única e autêntica identidade nacional?



Quando falamos em identidade, logo pensamos em quem somos. Vêm à nossa mente os nossos “dados pessoais”, ou seja, a cidade onde nascemos, a data de nascimento, nossa filiação, que são os nomes de nossos pais, uma foto registrando nossa fisionomia, nossa impressão digital, uma assinatura feita por nós mesmos. E que ainda contém um número de registro geral, que permite sermos identificados, não como pessoas, com suas devidas características, mas como um número em meio a tantos outros. E o mais interessante, está ali registrado para todo mundo ver, a nossa nacionalidade, a que nação e povo pertencemos.
E como já ressaltado anteriormente, essa nação a qual pertencemos contou com inúmeros disseminadores de cultura, construindo, de fato, a verdadeira cultura brasileira.
Os principais disseminadores da nossa cultura foram os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos. Posteriormente, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre outros, contribuíram para a pluralidade cultural do Brasil.
Nesse contexto, alguns aspectos culturais das regiões brasileiras serão abordados:

Região Nordeste:
Entre as manifestações da região estão danças e festas como bumba-meu-boi, maracatu, carnaval, ciranda, marujada, frevo, cavalhada e capoeira. Algumas manifestações são: a festa de Iemanjá e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel é outro elemento forte da cultura nordestina, assim como a capoeira. O artesanato é representado pelos trabalhos de rendas. Os pratos típicos são: carne-de-sol, peixes, frutos-do-mar, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé-de-moleque, entre tantos outros.
Literatura de Cordel




Figura 1: Lavagem do Bonfim (BA)


Figura 2: Capoeira

Região Norte:

A quantidade de eventos culturais do Norte é imensa. As duas maiores festas populares do Norte são: o Círio de Nazaré, em Belém (PA); e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do boi-bumbá do país, que ocorre em junho, no Amazonas. Outros elementos culturais da região Norte são: o carimbó, o congo ou congada, a folia de reis, e a festa do divino. A influência indígena é fortíssima na culinária do Norte, baseada na mandioca e em peixes. Outros alimentos tópicos do povo nortista são: carne-de-sol, tucupi, tacacá, camarão seco e pimenta-do-reino.

Figura 3: Festival de Parintins (AM)


Região Centro-Oeste:

A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem diversificada, recebendo contribuições principalmente dos indígenas, paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações culturais típicas da região: a cavalhada e o fogaréu (estado de Goiás), e o cururu (no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). A culinária é composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano, empadão goiano, pamonha e peixes do Pantanal, como pintado, pacu e dourado.


Figura 4: Procissão do Fogaréu (GO)



Figura 5: Cavalhada em Pirenópolis (GO)



Região Sudeste:

Os principais elementos da cultura regional são: Festa do divino, festejos da Páscoa e dos santos padroeiros, congada, carnaval, festa de peão de boiadeiro, dança de velhos, batuque, festa de Iemanjá, folia de reis e caipó. A culinária do Sudeste é bem diversificada e apresenta forte influência do índio, do escravo e dos diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pratos tópicos se destacam: a moqueca capixaba, pão-de-queijo, feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, bolinho de bacalhau, picadinho, virado à paulista, cuscuz paulista, farofa, pizza e inúmeros outros.


Figura 6: Feijoada


Figura 7: Carnaval (RJ)


Região Sul:

            O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis, e principalmente dos alemães e italianos. As festas tópicas são: a Festa da Uva (italiana) e Oktoberfest (alemã). Também integram a cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, a tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, a congada, e a dança de fitas. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco assado e vinho.
           
Figura 8: Oktoberfest (SC)


Figura 9: Churrasco Gaúcho



Conclusão:

A cultura é um dos instrumentos de análise e compreensão do comportamento humano social, fazendo parte da totalidade de uma determinada sociedade, nação ou povo. Essa totalidade é tudo o que configura o viver coletivo. São os costumes, os hábitos, a maneira de pensar, agir e sentir, as tradições, as técnicas utilizadas que levam ao desenvolvimento e a interação do homem com a natureza; enfim, é tudo que diz respeito a uma sociedade.
A diversidade cultural engloba as diferenças culturais que existem entre as pessoas, como a linguagem, as danças, as vestimentas, as tradições e as heranças físicas e biológicas, bem como a forma como as sociedades se organizam conforme sua concepção de moral e de religião, interagindo com o ambiente.
O Brasil é um país que apresenta admirável diversidade cultural, que foi construída a partir da colaboração de diversos povos, além do o povo brasileiro possuir uma notável diversidade criativa. A diversidade cultural brasileira dá gancho para o desenvolvimento de projetos culturais no país, especialmente com ênfase nos indígenas e afrodescendentes, muitas vezes esquecidos pelo povo brasileiro. Áreas como o artesanato tradicional, pequenas manufaturas, moda e design são estratégicas para o país, em vista de sua potencialidade em termos da melhoria das condições de vida das populações mais pobres.
Ao tentar enfrentar seu problema mais urgente – a desigualdade social – o país vem descobrindo a forte influência da cultura para a configuração dessa realidade, bem como seu potencial de transformação social do cenário atual.



Bibliografia:





RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

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