Maiêutica socrática 

                    A maiêutica é um método de ensino socrático no qual o professor se utiliza de perguntas que se multiplicam para levar o aluno a responder às próprias questões.



                 É uma técnica de ensino fantástica, que atinge resultados excelentes. Tem a vantagem de funcionar como verdadeiro exercício mental para o aluno, que, utilizando seus próprios conhecimentos, desenvolve a capacidade associativa, otimizando recursos na estruturação de mecanismos de raciocínio lógico. Também funciona muito bem para bebês.

 O processo da maiêutica pode começar, por exemplo, quando a criança de dois anos pergunta aos pais alguma coisa que já sabe. Freqüentemente, crianças pequenas fazem esse tipo de questão. Basta aos pais devolver a pergunta e a criança responderá com um sorriso feliz por constatar que sabe a resposta. Quando faz isto, não está testando os pais ou divertindo-se. Está simplesmente abordando um objeto com uma região do cérebro no qual ele não está registrado.

Digamos que está encarando o objeto sob outro ponto de vista. Ao receber de volta a questão, a criança faz um esforço e, utilizando de recursos associativos, descobre a região da mente onde definira o objeto e responde à própria pergunta. Questões mais elaboradas exigem mais de uma pergunta para atingir o objetivo. A maiêutica, do mesmo modo que a síntese, deve trilhar o caminho lógico, mas, ao contrário desta, pode partir do complexo para o simples, se se utilizar de recursos apropriados. A maiêutica, por ser um processo elaborado, necessita de um pouco de esforço e talento dos pais, como tudo que vale a pena na vida.                      

 Sócrates desenvolveu um método próprio de análise filosófica, denominado de “maiêutica” (em grego “parto das ideias”), o qual tem como objetivo possibilitar ao homem o conhecimento de si mesmo. A maiêutica consiste em fazer perguntas e analisar as respostas de maneira sucessiva até chegar à verdade ou contradição do enunciado.

Ela estimula o pensamento a partir daquilo que não conhecem, ou seja, pela ignorância. Daí a sua famosa frase: “eu só sei que nada sei”. Essa técnica pode se tornar pedagógica, por exemplo: um professor faz uma série de perguntas não apresentando as respostas diretamente, resultando em uma consciência mais profunda dos limites do conhecimento estabelecida a partir da busca das respostas para as questões problemas. Assim, através de questionamento a mente consegue encontrar, em si mesma, a verdade. Logo, esse método socrático está relacionado com o aspecto que induz a uma pessoa a formular conceitos latentes através de uma dialética ou sequencia lógica de perguntas.

 Sócrates diz que todos carregam dentro de si o saber, sem saber. O questionamento traz a reflexão e compreensão do que é real. A mãe de Sócrates era parteira, "maieutas" em grego. Sócrates gostava de ensinar seus discípulos fazendo perguntas, levando-os a verem que suas opiniões estavam erradas e dirigindo-os, através destas perguntas, ao caminho certo. Seu método recebeu o nome de "maieutica" porque, na concepção de Sócrates, ele estava auxiliando o "parto da verdade" em seus discípulos, da mesma forma como sua mãe auxiliava o parto das crianças.

 Nascido em Atenas, Sócrates (469 – 399 a.C) é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega. Por isso os filósofos que o antecederam são chamados pré-socráticos e os que o sucederam, de pós-socráticos. O próprio Sócrates não deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seus pensamentos advém de textos escritos por seus discípulos e/ou adversários. As discussões filosóficas sobre o verdadeiro conhecimento tomaram um novo rumo com o surgir da figura de Sócrates.

Os primeiros filósofos preocupavam-se em encontrar o fundamento (arké) de todas as coisas. Sócrates teve sua preocupação voltada para nossa relação com os outros e com o mundo. Tomando a inscrição da entrada do templo de Delfos (Apolo) “Conhece-te a ti mesmo” como inspiração construiu o rumo de sua filosofia. Renunciou às vaidades e riquezas e dotando-se de nobres sentimentos em busca do acesso à verdade como sentido para a vida (pois para tal é necessário uma série de renúncias e purificações), começou sua caminhada.

 Sócrates dizia que Deus o incumbiu à exortação dos atenienses, velhos ou jovens, a fim de que esses deixassem de cuidar e se ocupar co coisas do cotidiano, como riquezas, fama, poder e passassem a cuidar mais de si mesmo. Tal atitude o fez dedicar-se inteiramente à filosofia e a prática dialógica(uma forma especial de diálogo – Maiêutica), por meio das quais seus interlocutores conseguiram perceber inconsistências em seus próprios discursos e pudessem se autocorrigir. Atualmente estamos distantes dessa perspectiva socrática sobre esse cuidar de si.

A humanidade está, cada vez mais voltada para produção e acumulação de conhecimentos com os mesmos propósitos iniciais citados dos gregos (fama, beleza,riqueza e poder). Mas, pergunta-se, para quê? O que vemos é uma correria sem fim e nunca há uma pausa para questionamentos do tipo: Será que vale a pena? Os dias passam, muitos nascem e inúmeros morrem... E esses últimos, em maioria, não conseguiram por em prática o “Conhece-te a ti mesmo” de Sócrates em suas vidas, viveram apenas cumprindo deveres e direitos estabelecidos pela sociedade a qual estava inserido.

Segundo Platão: ... Para o homem, nenhum bem supera o discorrer cada dia sobre a virtude e outros temas de que me ouviste praticar quando examinava a mim mesmo e a outros, e que a vida sem exame não é digna de um ser humano...(Platão – Apologia, 38 a). Conhecermos a nós mesmos remete a um “Só sei que nada sei” (Sócrates), pois, para tal, torna-se necessário o reconhecimento de que toda a sabedoria existente até então, nada significa quando nos não sacia a alma ou não nos enche de plenitude, ao êxtase de, através da auto-análise reconhecer nosso verdadeiro papel no mundo, onde o convívio com amor ao próximo é indelével.

A busca da verdade, tão filosofada por Sócrates, é um caminho de ascensão, pois, ao conhecermos nós mesmos, a nossa relação com o próximo e até mesmo com o mundo é modificada, e essa mudança exprime-se em contribuições de idas e vindas gerando assim um ambiente fraternal onde oamor e a colaboratividade caminham de mãos dadas, pois temos como certo que, hoje em dia, esses elementos estão praticamente em desuso, fato comprovável é a violência, ignorância e arrogância que tem se estabelecido nas diversas sociedades em que o mundo se divide.


É inegável que o uso de tecnologias traz vários benefícios, mas o que se tem visto é que a maioria das pessoas está infeliz, seja em qualquer nível social. Decerto que Conhecimento e Ciência não têm o papel de promover a felicidade humana. Mas podemos observar que esses dois, atualmente, têm utilizado seus métodos de forma a concentrar dinheiro e poder nas mãos de alguns poucos, desviando-se assim de sua proposta original de assessorar a humanidade. Então, o que nos resta é isso – conhecermos a nós mesmos – pois, mergulhados que estamos em preocupações com aparência, dinheiro, fama e poder, pensamos estar nos conhecendo, quando na verdade estamos é nos perdendo em meio dessas muitas coisas. É preciso conhecer a si mesmo para não perder-se. Decerto você não encontrará toda a verdade do mundo dentro de si, mas, com certeza a verdade que você encontrar será a única capaz de salvá-lo.

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