A ÉTICA DE PLATÃO

 Hoje iremos falar sobre a Ética de Platão. E para isso, é fundamental iniciarmos nosso encontro, conceituando sobre ética. De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa ética é o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto. Portanto, ética se refere ao modo de ser do indivíduo, ou ao caráter do ser humano. Em outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual. 

 Falar sobre ética nos remete a antigos ensinamentos em que o homem começou a conviver em sociedade e a partir dessa experiência, passou a estabelecer normas de comportamento e convívio.

 O exercício de um pensamento crítico e reflexivo quanto aos valores e costumes vigentes tem início, na cultura ocidental, na Antiguidade Clássica com os primeiros grandes filósofos gregos, os primeiros a pensar o conceito de ética associando ética a ideia de moral e cidadania. 

 Dentre esses filósofos está Platão (filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental). Platão propunha uma espécie de “estudo” sobre o que de fato poderia ser compreendido como valores universais a todos os homens, buscando dessa forma ser correto, virtuoso, ético. O pano de fundo ou o contexto histórico no qual Platão estava inserido era o de uma Grécia voltada para a preocupação com a pólis (cidade), com a política e seus governantes.


 Platão propõe uma ética transcendente, dado que o fundamento de sua proposta ética não é a realidade empírica do mundo, nem mesmo as condutas humanas ou as relações humanas, mas sim o mundo inteligível. O filósofo centra suas indagações na Ideia perfeita, boa e justa que organiza a sociedade e dirige a conduta humana. As Ideias formam a realidade platônica e são os modelos segundo os quais os homens têm seus valores, leis e moral. Conforme o conhecimento das ideias, das essências, o homem obtém os princípios éticos que governam o mundo social. 

 A ética seria uma reflexão acerca da influência que o código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma integral ou não esses valores normativos e, dessa forma, até que ponto nós damos o efetivo valor a tais princípios. Para o filósofo as principais qualidades morais seriam: a sabedoria, a coragem, a temperança e a justiça, que desempenham a sua função no comportamento ético em relação ao bem comum e a coletividade. 

 Platão afirma que a vida ética não é um dom da natureza, embora por ela condicionado, mas fruto de um longo processo educativo. A educação exerce um papel fundamental para a compreensão do sujeito no que refere a práxis em vista do bem. O bem numa visão platônica encontra-se no mundo das ideia, por isso, é necessário que o homem por meio da educação recorde essa ideia que se encontra no mundo inteligível. O individuo não nasce ético, contudo é por meio da intervenção do estado através da educação que o individuo torna-se ético. Assim sendo, a ética tem por base a liberdade, por isso o individuo não nasce determinado para agir conforme princípios categóricos, mas aprende a agir de maneira correta. Por fim, a ética é produto da ação educacional na vida do homem, por meio da academia (educação, conhecimento) e da tradição e nível de cultura da polis (cidade).

 Psicologa Priscila de Souza CRP 05/51330

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