PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA EM
PERSPECTIVA:
A EXPERIÊNCIA EM UMA RÁDIO COMUNITÁRIA
Priscila Psicóloga
RESUMO: O
presente trabalho foi realizado inicialmente por meio de uma pesquisa
bibliográfica prévia enfocando os conceitos relacionados à psicologia social e psicologia
social, comunitária por meio de uma breve síntese. A psicologia social
comunitária surge em 1975 na América Latina a partir da necessidade de se
repensar a psicologia social tradicional, buscar novas formas de intervenção
diferentes das que até então tinham produzidos poucos resultados sociais
significativos. Para ampliar o aspecto social e promover mudanças por meio do
comprometimento ético e político, iniciou-se a construção de um paradigma
denominado de psicologia social comunitária. A problematização acerca das bases
teóricas e o padrão de intervenção relacionado à psicologia social partem de
múltiplas questões, posto que nesse caso o psicólogo esteja diante da análise
de representações que envolvem outras áreas e seu objeto de estudo se torna
multidisciplinar por natureza. A identificação do objeto de estudo se mostra
necessária por permitir a compreensão das especificidades do campo e suas
inter-relações com outras áreas de estudo, buscando as semelhanças e
divergências entre estas. Esse artigo objetivou apresentar os objetos de estudo
da psicologia social psicologia social comunitária por meio de uma breve
síntese conceitual como forma de subsidiar a discussão aqui apresentada. Interessa
com essa revisão bibliográfica levantar subsídios para análise da atuação
social de uma rádio comunitária como estudo de caso. A pesquisa permite
realizar um exame crítico acerca da experiência da ação em um rádio comunitária
como objeto de intervenção no âmbito da psicologia social comunitária.
Palavras-chave:
Psicologia; Psicologia Social Comunitária;
Rádio Comunitária
ABSTRACT: This work was done initially through a prior
literature focusing on the concepts related to social psychology and social
psychology, community through a brief summary. Community social psychology
arises in 1975 in
Latin America from the need to rethink the traditional social psychology, find
new ways to different intervention of the few significant social results had
ever produced. To enlarge the social aspect and promote change through ethical
and political commitment, began the construction of a paradigm called community
social psychology. The questioning about the theoretical basis and the pattern
of intervention related to social psychology run multiple issues, since in this
case the psychologist is on the analysis of representations involving other
areas and its subject matter becomes multidisciplinary in nature. The
identification of the subject matter appears necessary to allow the
understanding of the specifics of the field and their interrelations with other
areas of study, looking for similarities and differences between them. This
article aims to present the objects of study of social psychology, community
and social community through a brief conceptual synthesis as a way to support
the discussion presented here. Interests with this literature review gather
information for analysis of social action of a community radio as a case study.
The research allows for a critical examination of the experience of action in a
community radio as the object of intervention within the community social
psychology.
Keywords: Psychology; Community Social Psychology ; Community Radio
Graduando do Curso de Psicologia da faculdade-
SEFLU- Sociedade Educacional Fluminense - Nilópolis/RJ - Autora Priscila
Brasil - Diretora Secretária Executiva da Radio Alternativa FM do ano
2004 a
2015 - priscilabrasilrj@gmail.com
INTRODUÇÃO
Este artigo trata da discussão sob a perspectiva da psicologia social
comunitária a partir da experiência da atuação de uma rádio comunitária. Por
visar à qualidade de vida da população por meio de instrumentos e práticas em
grupos sociais específicos essa forma de comunicação surge como objeto de
estudo de caso.
A psicologia social tem como foco a investigação das relações
interpessoais e a psicologia social comunitária busca a ampliação deste aspecto
para as premissas de uma intervenção na busca de promover mudanças por meio do
comprometimento ético e político.
Cabe aqui ressaltar que será realizada uma análise a analisar das práticas sociais realizadas na Rádio Comunitária Alternativa FM 100.1, no município de Queimados -
RJ. Esses veículos que por vezes estão realizando um trabalho de ação social
que deveria ser feito pelo Estado, suprindo assim uma demanda por parte da
sociedade de busca por informação e cultura se encontram á margem da legalidade
por conta da complexidade relacionada a forma de legalização que envolvem
questões de cunho político, técnico e financeiras, etc., o que acaba por inviabilizar
a atuação dentro da legalidade.
A comunicação
comunitária surge como alternativa democrática na promoção da cidadania e
as experiências decorrentes dessa forma de atuação se mostram como ferramentas
de busca pela emancipação dos sujeitos e afirmação de suas identidades
culturais, logo devem servir de experiência reflexiva aos psicólogos, sejam
aqueles que estejam em vias de formação ou não.
Da
análise aqui realizada foi possível perceber que a rádio comunitária escolhida
como objeto de estudo de caso está inserida em um contexto
de disparidade social e de grandes demandas sociais por parte da comunidade, na
qual o Estado se mostra ausente. Apesar de realizar um trabalho social tão
importante ainda sofre com a dificuldade para se manter funcionando, pois como
não está vinculada a nenhum grupo político de status é considerada clandestina.
SOCIAL E PSICOLOGIA
SOCIAL COMUNITÁRIA: CONCEITUAÇÕES POSSÍVEIS
A psicologia social tem como foco a investigação das relações
interpessoais. A influência mútua entre o indivíduo e a comunidade possibilita observar
a importância da constituição dos grupos, deste modo, foi possível averiguar o
surgimento da psicologia comunitária como campo de pesquisa (LANE, 1981;
RODRIGUES, 2002; VASCONCELOS, 1985).
Para ampliar o aspecto social e promover mudanças por meio do
comprometimento ético e político, iniciou-se a construção de um paradigma
denominado de psicologia social comunitária. O desenvolvimento destas áreas de
atuação contribuiu para o aperfeiçoamento das práticas psicológicas,
entretanto, alguns pontos de congruência precisam ser analisados numa visão
crítica (AZEVÊDO, 2009).
A problematização acerca das bases teóricas e o padrão de intervenção
relacionado a psicologia social partem de múltiplas questões, posto que nesse
caso o psicólogo está diante da análise de representações que envolvem outras
áreas e seu objeto de estudo se torna multidisciplinar por natureza.
Para que se tenha uma atuação com qualidade é importante recorrer a
estudos científicos que contextualizem com nitidez o que se pretender
compreender por meio do aspecto social que se propõe a intervir. Nesse sentido
este trabalho busca contribuir para a ampliação dessa discussão com foco no
âmbito comunitário (BEVILAQUA, 2008).
A definição dos parâmetros toma importância na medida em que compromete
a forma como os fenômenos sociais devem ser investigados nesta área, bem como
sobre a possibilidade de se desenvolver diretrizes para uma práxis do psicólogo
no âmbito comunitário.
A identificação do objeto de estudo se mostra necessária por permitir a
compreensão das especificidades do campo e suas inter-relações com outras áreas
de estudo, como por exemplo, a sociologia, a antropologia, economia, ciência
política, etc. buscando as semelhanças e divergências entre estas.
Dessa forma, justifica-se a importância de delimitar o foco de análise
para contribuir com o desenvolvimento científico e o reconhecimento das
atividades profissionais. Esse artigo objetivou apresentar os objetos de estudo
da psicologia social, comunitária e social comunitária por meio de uma breve
síntese conceitual como forma de subsidiar a discussão aqui apresentada.
A interdisciplinaridade da psicologia social está presente desde o
início de sua constituição com o surgimento de uma nova perspectiva dentro das
ciências sociais. Teóricos como Augusto Comte (1830-1842), Gabriel Tarde
(1843-1904) e Émile Durkheim (1858-1917), contribuíram para a ampliação do
espectro de estudo da sociedade como objeto de pesquisa ao colocarem sob
perspectiva, cada uma a sua maneira, as inter-relações entre individuo e seu
meio social (ÁLVARO; GARRIDO, 2006).
Gustave Le Bon (1895), teórico social do século XIX teve como objeto de
estudo o que ele chamou de “a psicologia das multidões”. Na perspectiva deste
teórico os indivíduos determinam sua conduta pelo compartilhamento de idéias
com o grupo social o qual pertence (GONZÁLEZ REY, 2004). Nesse sentido, segundo
Azevêdo (2009, p. 66), George
Mead à mesma época enfatizou em seus estudos a importância da “comunicação como recurso mediador na
construção da identidade, por meio do interacionismo simbólico”.
Mead colaborou de forma definitiva para o progresso dos estudos ligados
à psicologia social, sua perspectiva ao permitir destacar o papel das relações
interpessoais na construção da subjetividade humana deu um novo impulso às
pesquisas acerca dos papeis sociais dos indivíduos em grupo (AZEVÊDO, 2009).
Wundt (1832-1920) realizou um estudo focado na psicologia dos povos, no
qual deu destaque aos mitos, costumes e linguagem dos indivíduos em perspectiva
histórica. Este estudo de Wundt, dentre outros, foi especialmente importante,
pois permitiu o início da compreensão sobre a
influência dos fatores culturais na formação do indivíduo (BERNARDES,
2007).
Nos Estados Unidos a institucionalização da psicologia social se deu na
perspectiva comportamental de Floyd Allport (1890-1978) apresentada na década
de 1920 no qual destacava a importância da investigação focada na influência
que os fatores socioculturais exerciam sobre o comportamento dos indivíduos em
suas inter-relações nos grupos sociais (GONZÁLEZ-REY, 2004 apud AZEVÊDO, 2009,
p. 66).
A psicologia social ganha notoriedade no Brasil principalmente a partir
de 1960 a
1970, porém neste período as referências teóricas eram estadunidenses (GONZÁLEZ-REY,
2004). Somente em 1980 é que houve a institucionalização da psicologia social
no país por meio da criação da Associação Brasileira de Psicologia Social
(ABRAPSO), com o objetivo de compartilhamento de experiências, definição de
objeto de estudo e possibilidades de intervenção (BERNARDES, 2007).
Segundo Gonçalves e Portugal (2012, p. 139),
A
emergência e a formação da Psicologia social comunitária (PSC) no Brasil, nos
últimos 50 anos, foram marcadas, por um lado, pela contraposição aos dispositivos
conceituais, aos locais de trabalhado consagrados e às práticas da psicologia
social norte-americana ao longo do século XX e, por outro, pela inserção da
noção de comunidade em seu conjunto de princípios.
Para alguns autores é a partir de 1970 que a psicologia social se
transforma significativamente em decorrência das problematizações acerca de sua
utilidade como ciência social (LANE, 1996). É em meio a essa crise que surge um
conjunto de questionamentos que se relacionam com o aparecimento de várias
propostas para esta ciência no Brasil e na América Latina.
Dentre as questões que se levantavam estavam a falta de relevância
social das pesquisas na área de psicologia social e a necessidade de se buscar
uma conexão com a realidade histórico-social e política latino-americana e o
efetivo compromisso com a mudança social do continente (GONÇALVES, 2012).
Góis (2008, p. 277) afirma que,
[...]
Na América Latina, a expressão “Psicologia Comunitária” é empregada desde 1975,
com o objetivo de se fazer uma nova Psicologia Social, a partir da preocupação
de alguns psicólogos de distintos países latino-americanos com os escassos
resultados sociais da Psicologia Social tradicional e por haver uma grande
necessidade de superar os graves problemas sócio-econômicos que ainda hoje
afetam a região.
A própria definição de psicologia social está associada à utilização do
método científico para investigar a forma como as pessoas se relacionam umas
com as outras e os padrões de pensamento e comportamentos daí decorrentes,
considerando o ambiente como uma variável determinante na dinâmica
comportamental dos indivíduos (RODRIGUES, 2002).
Segundo Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000) apud Azevedo (2009, p. 67), a psicologia
social,
[...]
busca compreender os processos cognitivos e comportamentais que são utilizados
pelos indivíduos nas relações sociais. Dessa forma, diversas temáticas podem
ser investigadas, tais como, preconceito, violência, e as pesquisas procuram
analisar as repercussões desses fenômenos na esfera social.
Já o conceito de psicologia social
comunitária significa a busca na melhora da qualidade de vida da população
por meio de práticas que induzam os indivíduos a práticas sociais mais
conscientes no seio de sua comunidade. (ANDREY, 2001).
A psicologia social comunitária surge em 1975 na América Latina a partir
da necessidade de se repensar a psicologia social tradicional, buscar novas
formas de intervenção diferentes das que até então tinham produzidos poucos
resultados sociais significativos. Ou seja, a psicologia social comunitária
surge num contexto de graves problemas sociais e de extrema desigualdade socioeconômica
(GÓIS, 2008. p. 278).
Enquanto a psicologia tradicional tinha um foco específico voltado para
estudos de grupos com vistas ao ajustamento social dos indivíduos a padrões
sociais abstratos sem vinculação com a realidade histórico-cultural, ou seja,
tinham o individuo como objeto estático de estudo no intuito de descrevê-lo
para explicá-lo, utilizando-se de análise de dados sem levantar questões de
cunho ideológico afetas às relações de classe.
A psicologia social comunitária surgiu exatamente para questionar essas
posturas e concepções e buscar elaborar novas formas de intervenção que
levassem em conta o contexto social e cultural no qual está inserido o indivíduo
buscando compreendê-lo e capacitá-lo a modificar suas condições de vida.
RÁDIO COMUNITÁRIA E
PRÁTICAS SOCIAIS
Segundo Guindani et. al. (2009, p. 01) “a
comunicação comunitária é um movimento consistente e crescente em toda a
América Latina e no Brasil há mais de 30 anos”. Entre 1960 e 1970 é que se
inicia uma perspectiva crítica dentro da América latina no que se refere à
comunicação, principalmente por conta do contexto histórico à época (BERGER, 2008,
p. 247).
A chamada comunicação
comunitária surge como possibilidade democrática no fortalecimento da
cidadania e as experiências decorrentes dessa forma de atuação se mostram como
ferramentas de busca pela emancipação dos sujeitos e afirmação de suas
identidades culturais.
Conforme analisa Fávero (2006, p. 89) apud Almeida (2009, p. 02),
“[...] um
exemplo de intervenção social se expressa no Movimento de Educação de Base
(MEB), que teve início em 1961, com a instalação de escolas radiofônicas em
diversos estados brasileiros”. Nos dois primeiros anos, o trabalho era limitado
à alfabetização e à divulgação de noções elementares de saúde, de
associativismo e de procedimentos técnicos na agricultura.Nos anos seguintes, o
trabalho do movimento passou a requerer “a transformação da realidade para a libertação
das classes dominadas”. Vale dizer que a maioria dessas experiências foi
brutalmente interrompida durante o governo autoritário.
Dessa forma, os movimentos sociais sempre
buscam alternativas para difusão de informações de forma democrática, porém seu
funcionamento ainda têm se pautado pela inconstância e pelo curto campo de
alcance geralmente limitado á comunidade a qual pertence o veículo de
comunicação.
A forma de legalização de um veículo
comunicativo é extremamente complexa e envolvem questões de cunho político,
técnico e financeiras, etc., o que inviabiliza a atuação dentro da legalidade
por parte desses veículos que por vezes estão realizando um trabalho de ação
social que deveria ser feito pelo Estado, suprindo assim uma demanda por parte
da sociedade de busca por informação e cultura.
Diante dessas questões, este artigo se propõe a analisar as práticas
sociais realizadas na Rádio Comunitária
Alternativa FM 100.1, no município de Queimados - RJ.
INTERVENÇÕES DO
PSICÓLOGO NO ÂMBITO COMUNITÁRIO: A EXPERIÊNCIA DA ATUAÇÃO DE UMA RÁDIO
COMUNITÁRIA EM QUEIMADOS - RJ
Este
relato se baseia na experiência da autora à frente de ações de cunho social na Rádio Comunitária
Alternativa FM 100.1, no município de Queimados – RJ, a partir da
perspectiva de que a psicologia social comunitária pretende trazer melhoria na
qualidade vida aos cidadãos, esta exposição traz para análise as práticas sociais
realizadas em uma rádio comunitária cuja difusão de conteúdo tem como foco a
conscientização dos indivíduos.
A COMUNIDADE ANTES
DA RADIO COMUNITÁRIA
No início da década de 80, muitos
moradores estavam, se organizando em forma de Associações de
Bairro, através de reuniões e boletins, as informações chegavam em uma parcela
mais privilegiada da população, onde o poder público se fazia presente com
transporte e o mínimo de serviços possíveis.
Porem, era muito difícil
mobilizar um bom numero de moradores para uma causa em comum, muitas vezes a
falta de informação que tinha suas limitações devido a várias barreiras como, a
distancia entre os associados, o ruído ( dificuldade de entendimento de uma
informação) que muitas vezes causado pelo nível social de quem transmitia a
informação e a percepção de quem recebia a informação, que em sua maioria , constituída por pessoas da periferia com baixo nível
escolar.
Outro fator que limitava a
informação era a distorção causada pelos interlocutores da mensagem, que muitas
vezes recebiam a mensagem de forma oral e retransmitiam também de forma oral,
as distorções aconteciam muitas vezes por desconhecimento do assunto, por seleção ou distorção da
informação por parte de quem deveria compartilhar com os demais.
Partindo do princípio que a comunicação e a informação é um direito de todos e a necessidade da população
em ter um meio de comunicação em massa
que chegasse a todos os bairros e todas as comunidades de forma eficiente,
surge no seio da comunidade os movimentos favoráveis a democratização da comunicação em apoio
a implantação do movimento nacional das
rádios comunitárias, que incentivou ao formação de muitas outras emissoras comunitárias.
Depois de muitas reuniões, foi
fundada a Associação Cultural de Radiodifusão Comunitária, com sede da Praça
N.S. da Conceição. Sobre loja 23 . Galeria Top Center Queimados. Com finalidade de: Promover a integração das comunidades, dar
oportunidade à difusão de idéias e atender o Art. 3º da LEI Nº 9.612, DE 19 DE FEVEREIRO
DE 1998.
Conforme a LEI Nº 9.612, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998,
Art. 3º O Serviço de Radiodifusão Comunitária tem por
finalidade o atendimento à comunidade beneficiada, com vistas a:
I
- dar oportunidade à difusão de idéias, elementos de cultura, tradições e
hábitos sociais da comunidade;
II
- oferecer mecanismos à formação e integração da comunidade, estimulando o
lazer, a cultura e o convívio social;
III
- prestar serviços de utilidade pública, integrando-se aos serviços de defesa
civil, sempre que necessário;
IV
- contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos
jornalistas e radialistas, de conformidade com a legislação profissional
vigente;
V
- permitir a capacitação dos cidadãos no exercício do direito de expressão da
forma mais acessível possível.
Art. 4º As emissoras do Serviço de Radiodifusão
Comunitária atenderão, em sua programação, aos seguintes
princípios:
I
- preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas em
benefício do desenvolvimento geral da comunidade;
II
- promoção das atividades artísticas e jornalísticas na comunidade e da
integração dos membros da comunidade atendida;
III
- respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família, favorecendo a
integração dos membros da comunidade atendida;
IV
- não discriminação de raça, religião, sexo, preferências sexuais, convicções
político-ideológico-partidárias e condição social nas relações comunitárias.
§
1º É vedado o proselitismo de qualquer natureza na programação das emissoras de
radiodifusão comunitária.
§
2º As programações opinativa e informativa observarão os princípios da
pluralidade de opinião e de versão simultâneas em matérias polêmicas, divulgando,
sempre, as diferentes interpretações relativas aos fatos noticiados.
§
3º Qualquer cidadão da comunidade beneficiada terá direito a emitir opiniões
sobre quaisquer assuntos abordados na programação da emissora, bem como
manifestar idéias, propostas, sugestões, reclamações ou reivindicações, devendo
observar apenas o momento adequado da programação para fazê-lo, mediante pedido
encaminhado à Direção responsável pela Rádio Comunitária.
Cabe à
rádio intervir em sua comunidade por meio da difusão e ampliação do acesso a
temáticas muitas vezes deixadas de lado pelas rádios comerciais. A rádio comunitária
proporciona práticas sociais diferenciadas exatamente porque não se
subsume a nenhum outro ditame de cunho comercial ou político.
Nesse
sentido permite-se ser um veículo independente de difusão de conhecimento e
cidadania. Conforme exposto na parte teórica deste artigo foi possível detectar
segundo Gòis (2008, p. 277) que:
O
distanciamento dos modelos predominantes na Psicologia Social dos problemas
sociais e sua incapacidade de dar respostas a estes problemas levaram um grupo
de Psicólogos Sociais a questioná-la em seus objetivos, concepções, ações e
resultados. Este movimento na Psicologia Social defendia a diversidade cultural
e enfocava o contexto e a ideologia como questões que deveriam ser centrais na
área. Preocupava-se também com uma relação mais ativa e comprometida dos
Psicólogos com os problemas da sociedade.
É esse
comprometimento que a autora advoga como parte essencial da função de psicólogo
e a experiência em uma rádio comunitária permitiu detectar a necessidade de
maior envolvimento desses profissionais nas demandas sociais provenientes dos
grupos mais vulneráveis. Sua experiência aponta para uma temática de extrema
importância e por vezes desconsiderada enquanto possibilidade de atuação por
parte dos psicólogos atualmente.
Esse
deve ser o paradigma a orientar tanto a formação quanto a intervenção social do
psicólogo envolvido com a psicologia comunitária em detrimento aos modelos
tradicionais e buscar sedimentar a emergência de novos valores sociais e
humanos (MARTÍN-BARÓ, 1994).
Conforme
define Almeida (2009) a atuação do psicólogo em ações de cunho social
comunitária possibilita “compreender
melhor a formação do sujeito, das suas identidades e da preservação da memória
local” (p. 03).
Nesse sentido que o processo de participação
popular proporcionado pela rádio comunitária se coloca como fomento ao
desenvolvimento social das famílias que se envolvem nas ações promovidas pelo
veículo comunicativo. As rádios comerciais têm seu foco no lucro e muitas vezes
sequer estão preocupados com a condição de exclusão social e negação de
direitos por parte do estado aos moradores.
Segundo relato da autora a Rádio Comunitária Alternativa FM 100.1,
[...] funciona
como meio de acesso e transmissão de informações mais vinculadas a sua
identidade local. Nós damos voz às
reivindicações dos moradores da comunidade, sem qualquer preconceito quanto á
sua condição social. Muitos nos buscam para buscar ou anunciar oportunidades de
emprego, buscar algum parente desaparecido, solicitar alguma ajuda médica ou
social.
A
autora relata que a rádio comunitária oferece uma programação variada e realiza
trabalhos de divulgação, como campanhas de vacinação, projetos sociais e
divulga ações do governo local de interesse da comunidade. Para a autora:
[...] o que
me chama mais atenção é o apelo que é feito no ar para pessoas que precisam de
cestas básicas, empregos cadeiras de rodas e diversos outros tipos de ajuda.
Nesse
sentido percebe-se que a Rádio Comunitária Alternativa FM 100.1 está inserida em um contexto de desigualdade social e de grandes
demandas sociais por parte da comunidade, na qual o Estado se mostra ausente. Segundo informações, vem mantendo seu funcionamento resguardado por liminar e não
está vinculada a nenhum grupo religioso ou político.
Seria importante todos reconhecerem que a
atuação destes veículos deveria ser vista como importante por prestarem um
serviço essencial para as comunidades a qual estão inseridas.
By Priscila Psicóloga
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